Assim, fui o primeiro a ingressar em um curso superior na comunidade onde nasci. As informações eram rasas e disponibilizadas quiçá em bibliotecas públicas municipais e os poucos profissionais que existiam em minha cidade natal (Poá-SP) eram inacessíveis, eis que circulavam em uma sociedade que naquela época era para mim inalcançável.

Foi já na universidade que pude entender que poderia escolher em ingressar não somente na iniciativa privada, mas também no setor público, podendo optar em ser delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, procurador, defensor público, entre tantas as profissões de carreira pública relacionadas ao direito.

Entretanto, foi no setor privado que busquei fazer minha própria revolução profissional, mesmo sabendo que nunca seria uma tarefa fácil advogar, eis que até os dias atuais acredito ser uma das profissões mais difíceis de se sustentar a longo prazo.

Foi exatamente em 1998, que tive a oportunidade de conhecer uma grande firma de advogados na área empresarial na capital de São Paulo, fiquei alucinado e queria de toda forma fazer parte a qualquer custo daquilo.

Profissionais bem alinhados, discutindo negócios, investigando companhias, falando sobre mercado de valores, e principalmente viajando por vários estados do Brasil, com currículos até mesmo internacionais, o que digo que reservadas as devidas proporções, se assemelham em muito aos seriados atuais norte americanos de firma de advogados. 

Não foi fácil, descobrir de excelentes profissionais que conheci, que a vida de uma firma de advogados e seus membros não se resumiam em apenas conhecimentos técnicos, mas sim diversas competências do direito, e até comportamentais, para se ter sucesso.

A rotina de faturas incansáveis que batem em nossas portas, a falta de incentivo e oportunidades de se associar são forças muitas vezes covardes e o lado encantador da profissão na maioria das vezes é jogado no canto de um cômodo qualquer de um escritório, o que fatalmente leva o profissional a desistir da carreira.

Tentei por vezes aproveitar estruturas até mesmo centenárias para poder ter uma história e fazer carreira profissional e deixar meu legado.

Entretanto, ser sócio de uma firma para alguém do interior de São Paulo, pobre, desconhecido, sem nenhum vínculo sanguíneo com os sócios do escritório, era algo incomum naquela época.

A figura tão falada hoje de partnership era coisa de outro mundo e entendi da pior forma possível, que a figura do advogado-empresário era (como até hoje)  uma coisa rara e improvável, pois difícil desvencilhar os egos, vícios, conflitos de interesse e apegos à propriedade, de uma postura saudável, visionária e empreendedora, o que fatalmente distanciava da criação de projetos sólidos que perpetuasse as rusgas de relacionamentos profissionais.

Frustrado, embora tenha ganhado bastante envergadura, me desliguei e busquei oportunidades na vida pública, pois acreditava que desta forma dependia apenas de meus esforços o tão almejado sucesso profissional e desta forma passei pelo executivo e legislativo, e até mesmo cheguei a lecionar sem qualquer vocação para uma tarefa tão mágica.

Embora amante da política e economia, o sistema público é ineficiente, pesado, e por vezes desanimador, e assim, não levou muito tempo para que pudesse esbarrar novamente em firmas de advogados gigantescas e fui novamente despertado; mas dessa vez, para construir um projeto inovador que pudesse reunir pessoas a formarem uma firma que desse a oportunidade a jovens empreendedores que buscassem crescer em um ambiente favorável ao conhecimento e construção conjunta por meio de partnership.

É frustrante como na Universidade, não se ensinam coisas básicas sobre economia, administração, liderança, entre outras competências emocionais que um profissional de direito precisa para se aventurar no setor privado e abrir uma firma de advogados, isso sem nem mesmo contar a vocação.

Sendo assim, busquei conhecimentos em diversas áreas como administração, economia, psicologia e principalmente vendas (claro não poderia ser diferente, filho de vendedor e mãe costureira), está em minhas veias empreender e o que vendemos é nosso tempo.

Foi então que, em dezembro de 2008, me permiti sair do setor público para  encontrar pessoas que quisessem construir junto uma firma de advogados, tornando a advocacia mais funcional, desburocratizada, com ideal não só de resolver conflitos, mas principalmente de viabilizar negócios.

Assim nasceu a Todai e Mota Advogados, sendo denominada atualmente como Todai Advogados.

Muitos advogados e colaboradores passaram pelo nosso escritório e fizeram sua contribuição para termos chegado até aqui, e o nosso maior desafio é encontrar pessoas com ideal comum e movê-las; juventude, ambição e força de vontade são combustíveis necessários para que um jovem profissional evolua; entretanto, em sua maioria, vem acompanhado de impaciência e inaptidão à resiliência, o que fragiliza  todo profissional e faz com ele queira pular etapas.

De toda sorte, sou curioso por natureza e fico fascinado em tentar prever o que o futuro nos reserva, mas de uma coisa tenho certeza, não pararei de buscar pessoas que carecem de oportunidade, mas vibram em vontade de crescer.

Paulo Lupércio Todai Junior
Sócio fundador da Todai Advogados